Escrever fita finalista

A fita métrica do amor

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

Desconhecido

Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.

Desconhecido

Meu Deus! Como é engraçado.
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.
Uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não embola.
Vira, revira, circula e pronto, está dado o laço.
É assim que é o abraço (…)
Ah, então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas não pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga então se diz: romperam-se os laços.
Então o amor, a amizade são isso.
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.

Desconhecido

O laço de fita

Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores…
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh’alma se embate, se irrita…
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!

Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes…
Mas tu… tens por asas
Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios…
Beijava-te apenas…
Teu laço de fita.

Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N’alcova onde a vela ciosa… crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu… fico preso
No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova… formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c’roa…
Teu laço de fita.

Desconhecido

Eu que meditava ir ter com a morte, não ousei fitá-la quando ela veio ter comigo.

Desconhecido

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

Desconhecido

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida – umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Desconhecido

O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.

Desconhecido

A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo?

Desconhecido

As duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última.

Desconhecido

Escrevo-vos uma longa carta porque não tenho tempo de a escrever breve.

Desconhecido

Quem gosta de escrever cartas para os jornais não deve ter namorada.

Desconhecido

O que é mais difícil não é escrever muito; é dizer tudo, escrevendo pouco.

Desconhecido

Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial.

Desconhecido

Escreva algo que valha a pena ler ou faça algo acerca do qual valha a pena escrever.

Desconhecido

É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão.

Desconhecido

Escrever a história é um modo de nos livrarmos do passado.

Desconhecido

Não se pode escrever nada com indiferença.

Desconhecido

A maior parte do tempo de um escritor é passado na leitura, para depois escrever. Uma pessoa revira metade de uma biblioteca para fazer um só livro.

Desconhecido

Um repórter de rock é um jornalista que não sabe escrever, entrevistando gente que não sabe falar, para pessoas que não sabem ler.

Desconhecido

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