Descobrir o coração
Os sonhos deliram-se em vontades. Há o espírito que se alcança: a mudança se deseja. A neve desce nos olhos. Cristaliza-se a esperança de possibilidade. Há novidade existente: novas oportunidades se aconchegam nos lábios. Crê-se nas vontades e nas virtudes. Fazem-se suposições do grau de importância. Percebe-se o mundo que se desenha em eixos erróneos. Vemos as amizades que pintam a magia. A melodia invade o coração. Deixa-se a nostalgia tingir a alma – sempre existiu, mas agora liberta-se. Cercamos o medo: as lágrimas – corroeu-se a necessidade de carinho. Todos precisamos. O abraço que não aperta dá lugar à memória que já não se vive. Quer-se isso. A mão que agarra a anca. A sensação de segurança. Ter esses braços em mim. Saber-te minha protecção: meu amparo. O frio roça o olhar. Vê-se a falta patente. Vamos descobrir os corações. Saber as palavras que se fundem. Quero ler a melodia que se dita. Estica a prece. Mata o orgulho. Sê capaz de te admitir. Sê tu. Ama as fragilidades e as carências. Vê no gelo a vida em gosto. Em virtude. Queiramos ser-nos aos outros em todo o tempo. No que nos é permitido. No respirar. Tece essa lei em sorrir. Dá-me o sorriso – vamos voar juntos? Deixa-me ser essa inconsciência. Essa vergonha que tu desejas. Ter o corpo perto sem refúgio. E ser esse refúgio que se é. Que se precisa. Ser a pele em que se percorre o tempo. Gasta-se as fissuras que contam histórias. Sou esse ponto que não é o final. O início da história. Desta história nossa: minha / tua. Caminho para te ter. Para ser quem procuro encontrar. Dá-me a tua mão. Vamos juntos ser. Ser a felicidade que se permite. Que não se impede. Vamos ser eu e tu. Os flocos de neve que se beijam. Ser a magia de ser novo. Vamos ser os corpos que se querem para sempre.
Autor: Desconhecido