Do alto para baixo
Eu olhei para cima
E de mãos unidas falei
Eu procurei pelas respostas
Nas perguntas que falhei.
Foi apenas o vento frio
Que soprou meus cabelos como resposta
Mostrando que ninguém além de mim
Me ouvia, enfim
Enfiei minhas mãos no bolso
E chutando as pedras caminhei sem destino
E sem nada em meu interior
Entendi que o ser humano é apenas feito de carne e osso
E eu continuei caminhando
Chutando as pedras pelo caminho
Procurando uma resposta para tudo…
E minha vida foi indo conforme os dias
Conforme as noites de calor e de frio
Um dia após o outro como sempre deve ser
Até que os dias foram se escorrendo
Entre os meus dedos velhos
E nas cavernas de minha mente
Um grito desenfreado corria em eco
Uma questão sem resposta
Um enigma sem solução
E no meu leito
Neste instante onde meus lábios nada pronunciam
Onde apenas minha mente veleja pelo céu azul
Eu busco uma palavra amiga vinda do alto
Do alto para baixo
Mas apenas o silêncio
Reverbera em meu interior
Mas agora não importa, me sinto leve e tudo parece um suspiro
E vejo as correntes da terra se desfazendo de meu corpo inerte
E uma voz alcança meus ouvidos desapercebidos
Eu sempre estive aqui! Eu sempre lhe chamei
Na sua porta, minha mão já sangrou de tanto bater
Mas você, preso a terra esqueceu de ouvir
Quando você não me chamava
Eu estava falando
E quando você de mim precisava
Eu estava apenas te olhando!
Autor: Adriano Villa